quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

E a sangria continua em 2011

A Receita Federal do Brasil publicou, uma vez mais, um resumo das arrecadações de receitas federais por estado em 2011, havendo o Rio Grande contribuído com um total de R$ 30.758.271.806,77. A contrapartida, ou seja, o montante do total arrecadado que é transferido volta ao Rio Grande, conforme publicado pelo Portal da Transparência, foi de R$ 11.846.471.093,81, representando um saldo negativo de quase 19 bilhões de reais.

A grosso modo, é como se uma pessoa trabalhasse para comprar 30 produtos, pagasse à vista por eles, e logo recebesse somente 11 e assunto encerado. Se a nível individual já nos parece um absurdo, o que dizer se extrapolamos aos nossos quase 11 milhões de habitantes.

Qual a importância destes "produtos" que compramos, por seguir com o exemplo? Ora, estes são os nosso hospitais, as nossas estradas, escolas, parques, segurança, centros empresariais, pontos turísticos, centros esportivos e tudo aquilo que poderia melhorar a qualidade de vida de todos.

O pior é que esse prejuízo segue um comportamento histórico. Tomando como referência os últimos 5 anos, teremos:
  • Em 2007, o saldo negativo foi de R$ 11.753.995.117,22.
  • Em 2008, de R$ 12.602.498.465,28.
  • Em 2009, de R$ 12.520.121.319,23.
  • Em 2010, de R$ 16.592.589.473,60.
  • E o já comentado em 2011 de 18.911.800.712,96.

Em apenas 5 anos, deixamos de receber um total de mais de 72 bilhões de reais de impostos arrecadados no Rio Grande! Além disso, entre 2007 e 2011 houve uma redução de 60% no saldo entre o arrecadado e o recebido, de 11,7 bilhões a 18,9 bilhões negativos.

E então, vemos tantas notícias sobre a nossa dívida pública... Com esse saldo anual tão desfavorável, que dívida temos com o Brasil?

Vale lembrar que, principalmente entre as décadas de 1950 e 60, o Rio Grande encontrou, no processo de endividamento, a forma de expandir seu desenvolvimento econômico, diferentemente do que ocorreu em outros estados, onde os investimentos em infra-estrutura foram financiados por meio de recursos da União.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

PIB do Rio Grande cresceu 5,7% em 2011. Quase o dobro do previsto para o Brasil

Conforme a Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul  (FEE), o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5,7% em 2011, alcançando o valor de R$ 273.879 milhões.

 Taxa de crescimento da economia do Rio Grande - 2011

O Valor Adicionado (VAB) do setor serviços, com 61,56% do VAB total de 2010, cresceu 5,2% em 2011, com destaque positivo para as atividades de comércio e serviços de manutenção e reparação (7,6%) e transportes (5,2%). A administração pública (3,3%) e o conjunto dos demais serviços (4,9%) também tiveram desempenhos positivos.

A indústria, com 29,04% do total do VAB de 2010, cresceu 2,5% em 2011. A indústria de transformação apresentou crescimento de 1,7%. Destacaram-se as expansões do fumo (11,5%), das máquinas e equipamentos (9,2%), dos alimentos (4,2%), dos produtos de metal (4,2%), dos veículos automotores (3,8%) e dos químicos (3,8%). As atividades de construção civil (5,9%), eletricidade, gás e água (3,6%) e extrativa mineral (4,8%) também apresentaram taxas positivas de crescimento.

A agropecuária, que representava 9,40% do total do Estado em 2010, cresceu 18,8% em 2011. Compondo esse número, a agricultura teve um crescimento de 26,7%, e a pecuária, de 2,5%. Beneficiadas por aumentos na produtividade, as mais importantes culturas da lavoura gaúcha apresentaram crescimentos expressivos nas quantidades produzidas. A de arroz cresceu 30,1%, a de fumo, 44,9% e a de soja, 10,9%. Também destacaram-se os crescimento das produções de milho (2,5%), trigo (8,8%), feijão (10,1%) e uva (19,7%).

Per capita
O PIB per capita, ou seja a riqueza do Estado dividida pelo número de habitantes, cresceu 5,2%. Passou para R$ 24.846.

 PIB per capita Rio Grande (azul) e Brasil (vermelho) - 2008-2011


Fonte: Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul http://www.fee.tche.br/sitefee/pt/content/estatisticas/pg_pib_estado_desempenho.php

quinta-feira, 28 de abril de 2011

2010: mais um ano negativo para o desenvolvimento do Rio Grande


O balanço negativo

Enquanto em todo o mundo é reconhecido o recente crescimento econômico brasileiro, o contraponto manteve-se em 2010 para o Rio Grande, voltando a apresentar um saldo negativo em sua relação com o Brasil.

Como ocorre todos os anos, o montante arrecadado em cada estado é repassado à União, que por sua vez transfere novamente os recursos seguindo seus próprios critérios. Em 2010, conforme a Receita Federal, o total arrecadado pelo Rio Grande foi de R$ 27.032.275.831. Deste montante, o recurso transferido pela União foi de R$ 10.439.686.357,40, conforme o Portal da Transparência, representando um saldo negativo de mais de 16 bilhões e meio de reais.


Esta é uma constante que vem sem mantendo nas últimas décadas, talvez séculos. Em 2009, por exemplo, o saldo apresentado foi de 12 bilhões de reais em favor do governo brasileiro.


A título comparativo e para que se aclare a magnitude destes valores, o PAC "Programa de aceleração do crescimento", amplamente divulgado e festejado pelo governo brasileiro como o grande impulsador do desenvolvimento nacional, contempla os seguintes investimentos para o Rio Grande:

  • PAC da Copa – R$ 480 milhões (melhoria do tráfego nas principais vias de acesso à Porto Alegre).
  • Saneamento - R$ 2,1 bilhões
  • Habitação - R$ 650,9 milhões

Somados, são investimentos que alcançam aproximadamente R$ 3,2 bilhões, representando, portanto, um montante extremamente inferior aos R$ 16,5 bilhões da diferença de saldo.

Enquanto o povo comemora a oportunidade de sediar uma Copa do Mundo de futebol, mais de 13 bilhões de reais deixam o estado e seguem outros destinos.

Isso sem valorar as inúmeras controvérsias, denúncias e irregularidades associadas ao programa e que põem em dúvida seu real benefício, entre os quais o caso ocorrido em 2009 em que o Tribunal de Contas da União apontou irregularidades em 30 das 99 obras do PAC fiscalizadas, das quais foi recomendada a paralisação de 13. Também não entramos em maiores detalhes sobre o claro uso eleitoral destes recursos.


IDH



Talvez motivado pela limitação do uso de seus recursos econômicos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio Grande passou do 3º lugar entre os estados brasileiros em 2005, para o 5º em 2009, com 0.832 pontos, apresentando um preocupante descenso neste ranking interno e colocando-se atrás de estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal.

Ainda assim, o Rio Grande encontra-se à frente da média do Brasil (incluíndo-se também o Rio Grande do Sul) com 0,699 pontos, além de apresentar um indicador superior à países considerados desenvolvidos como Eslovenia (0,828), Andorra (0,824), Hungría (0,805), Portugal (0,795), Rússia (0,719), Chile (0,783), Argentina (0,775), Uruguay (0,765), entre outros, conforme o Wikipedia e com dados de 2010.

A viabilidade do ideal Rio-Grandense como nação se demonstra factível. Entretanto, o potencial de crescimento do Rio Grande se limitado pelas decisões do governo brasileiro, contrários aos interesses do povo gaúcho e de critérios duvidosos. A cada ano deixamos escapar a possibilidade de alcançar um maior desenvolvimento e melhor qualidade de vida utilizando os nossos próprios recursos.

Volta a velha máxima:
"um povo de cordeiros sempre terá um governo de lobos".

domingo, 30 de janeiro de 2011

Sudão do Sul: resultados preliminares contabilizam quase 99% a favor da independência

Quase 99% dos sudaneses do sul votaram a favor da independência do Sudão do Sul no referendo de secessão realizado entre os dias 9 e 15 deste mês, segundo os resultados preliminares completos, divulgados neste domingo pela comissão eleitoral do país.


Segundo números publicados no site da comissão eleitoral do Sudão do Sul, depois de apuradas 100% das urnas do Norte e do Sul do país, 98,83% dos votos foram favoráveis à secessão.


Os resultados oficiais serão anunciados ainda neste domingo em uma cerimônia oficial em Juba, capital do Sudão do Sul, na presença de Salva Kiir, presidente da região semiautônoma que finalmente deve se transformar em Estado independente.


Um total de 3,9 milhões de sudaneses originais do sul foram convocados a votar pela independência do país entre os dias 9 e 15 deste mês. As cédulas de votação tinham apenas duas opções: a unidade, representada por duas mãos entrelaçadas, e a separação, representada pela palma de uma mão em sinal de parada.


O referendo é resultado do acordo de paz assinado em 2005 entre o norte e o sul do Sudão, que pôs fim a duas décadas de uma guerra que causou cerca de dois milhões de mortos.


Caso de confirmem os resultados preliminares e seja aprovada a separação, que já era a opção favorita nas pesquisas, no final de julho vencerá o período transitório fixado nos acordos de paz de 2005 e se dará início ao surgimento de uma nova nação, a primeira deste século.


Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&section=Mundo&newsID=a3192223.xml

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Economia brasileira cresce, mas retrocede

A economia do Brasil se destaca como uma das que mais crescem no ocidente, mas o país vive o momento como um doente sem acesso fácil a medicamentos.

A desindustrialização cristalizou em uma ameaça concreta de retrocesso e não vê saída no curto prazo. Esta tendência se reflete no comércio exterior. A China se converteu no principal sócio do Brasil, com uma balança onde a nação asiática importa quase exclusivamente produtos primários e exporta manufaturas.



Os Estados Unidos, que perderam o primeiro lugar, compram mais produtos industriais, inclusive porque os dois países são competidores no setor agrícola. No intercâmbio com a China há um crescente superávit brasileiro, que alcançou US$ 5,107 bilhões nos dez primeiros meses do ano. Quanto aos Estados Unidos, a balança se inverteu desde 2009, após o superávit recorde de US$ 9,867 bilhões em 2006, e no período janeiro-outubro o déficit somou US$ 6,813 bilhões.


Ainda assim, vários indicadores servem aos que diminuem a gravidade da acelerada perda de peso relativo da indústria de transformação no produto interno bruto. A economia cresceu mais de 7% este ano e as exportações de janeiro a novembro aumentaram 30,7%, em relação a igual período de 2009. Mas as importações aumentam em ritmo muito mais rápido, de 43,9% neste ano, em uma tendência sustentada desde 2007.


Um ano antes, o Brasil registrou superávit comercial de US$ 46,077 bilhões, que diminui ano a ano desde então. Até novembro, o saldo favorável somava US$ 14,933 bilhões. O superávit se mantém, além disso, por produtos primários, agrícolas e mineração. A indústria de transformação tem uma balança negativa, que neste ano chegará a cerca de US$ 35 bilhões, para multiplicar por cinco em dois anos, destacou à IPS Rogério Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.


Em 2009, o setor foi o que sofreu mais intensamente no Brasil a crise financeira global surgida um ano antes e seu produto retrocedeu em 7%. Após uma recuperação iniciada este ano, houve uma queda no segundo trimestre e uma paralisação nos meses seguintes, o que ativou o alerta vermelho entre os empresários. A produção industrial paralisou dentro de uma economia de forte crescimento. Isto agrava a queda de sua participação no PIB, que já é 6% inferior à de 1970, quando o Brasil vivia um nascente processo de industrialização e exportava principalmente café, disse Rogério.


Todo o setor rendeu 25,4% do PIB em 2009 e a indústria de transformação representou apenas 15,5% dentro desse total. Enquanto isso, os serviços subiram para 68,5% do PIB. Este enorme predomínio do setor terciário é normal em países de alta renda, não no Brasil, onde "consolidar a indústria ainda é necessário para elevar a renda", que ainda está em um nível médio, afirmou o economista.


Para Rogério, esta mudança é "o fator mais evidente" atualmente e afeta a competitividade da indústria brasileira, provocando uma "avalanche de importações" que supera o nível justificável pelo auge econômico brasileiro. A isso somam-se outros fatores de velha data, como a insuficiente infraestrutura logística, o elevado custo do dinheiro, a enorme carga tributária e o alto preço da energia, que encarecem a produção industrial brasileira. Estes custos exigiram longo tempo para sua redução, por isso é uma emergência atuar sobre o cambio.


Com o yuan chinês muito depreciado e o real supervalorizado em 42% com relação ao dólar, competir se torna impossível, já que ninguém conseguiria reduzir seus custos à metade, argumentou, no dia 30 de novembro, Paulo Francini, diretor de Pesquisas da Federação das Indústrias de São Paulo. Na ocasião, foi lançado um estudo que revela a crescente substituição de insumos e produtos nacionais por importados nas fábricas do coração industrial brasileiro. O governo central deve usar todos os instrumentos em seu poder para conter a supervalorização do real, incluída a restrição da entrada de capitais especulativos, atraídos pelas altas taxas de juros brasileiras, disse Rogério.


Outro exemplo da situação é o da indústria têxtil, que tinha saldos favoráveis entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões, há cinco ou seis anos. Em 2010, no entanto, projeta-se um déficit de US$ 3,5 bilhões com importações de US$ 5 bilhões, disse Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil. O setor redobra esforços, com elevados investimentos em novos equipamentos e tecnologia, mas são muitos fatores adversos, como impostos e juros altos, má infraestrutura e escassa inovação tecnológica, assegurou Fernando. "O câmbio deixa tudo mais dramático, não estaríamos vivos se não fôssemos criativos", ressaltou.


A indústria têxtil cresce no Brasil, incluindo o setor da confecção, mas o faz em ritmo inferior ao geral da economia por causa da "torrente de importações" que tira uma grande parte da expansão do mercado interno, queixou-se o líder empresarial. Para Fernando, a indústria brasileira sofre pelo que acontece no país, mais "o que fazem fora", como manipulação cambial, taxas de juros zero e subsídios, o que a seu ver configura uma competição "ilegítima".


O mundo vive "uma guerra por empregos" e a indústria têxtil, com alta capacidade em gerá-los, sofre mais diretamente a batalha, acrescentou Fernando, lembrando que no Brasil cerca de oito milhões de pessoas obtêm sua renda do setor têxtil, se aos 1,7 milhão de empregos diretos somarmos os indiretos e dependentes da atividade.


No Brasil os contratos de trabalho são rígidos e uniformes em todo o país, sem reduções tributárias para setores de uso intensivo de mão-de-obra, ao contrário de outros países, o que diminui a competitividade da indústria têxtil brasileira, lamentou. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria, divulgado na semana passada, mostra que o salário brasileiro (somando salário, previdência social e outros benefícios trabalhistas) equivale a quatro vezes o da China e dez vezes o da Índia.


Fonte: Diário Liberdade (http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=9572:economia-brasileira-cresce-mas-retrocede&catid=58:laboraleconomia&Itemid=69)


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