quinta-feira, 28 de abril de 2011

2010: mais um ano negativo para o desenvolvimento do Rio Grande


O balanço negativo

Enquanto em todo o mundo é reconhecido o recente crescimento econômico brasileiro, o contraponto manteve-se em 2010 para o Rio Grande, voltando a apresentar um saldo negativo em sua relação com o Brasil.

Como ocorre todos os anos, o montante arrecadado em cada estado é repassado à União, que por sua vez transfere novamente os recursos seguindo seus próprios critérios. Em 2010, conforme a Receita Federal, o total arrecadado pelo Rio Grande foi de R$ 27.032.275.831. Deste montante, o recurso transferido pela União foi de R$ 10.439.686.357,40, conforme o Portal da Transparência, representando um saldo negativo de mais de 16 bilhões e meio de reais.


Esta é uma constante que vem sem mantendo nas últimas décadas, talvez séculos. Em 2009, por exemplo, o saldo apresentado foi de 12 bilhões de reais em favor do governo brasileiro.


A título comparativo e para que se aclare a magnitude destes valores, o PAC "Programa de aceleração do crescimento", amplamente divulgado e festejado pelo governo brasileiro como o grande impulsador do desenvolvimento nacional, contempla os seguintes investimentos para o Rio Grande:

  • PAC da Copa – R$ 480 milhões (melhoria do tráfego nas principais vias de acesso à Porto Alegre).
  • Saneamento - R$ 2,1 bilhões
  • Habitação - R$ 650,9 milhões

Somados, são investimentos que alcançam aproximadamente R$ 3,2 bilhões, representando, portanto, um montante extremamente inferior aos R$ 16,5 bilhões da diferença de saldo.

Enquanto o povo comemora a oportunidade de sediar uma Copa do Mundo de futebol, mais de 13 bilhões de reais deixam o estado e seguem outros destinos.

Isso sem valorar as inúmeras controvérsias, denúncias e irregularidades associadas ao programa e que põem em dúvida seu real benefício, entre os quais o caso ocorrido em 2009 em que o Tribunal de Contas da União apontou irregularidades em 30 das 99 obras do PAC fiscalizadas, das quais foi recomendada a paralisação de 13. Também não entramos em maiores detalhes sobre o claro uso eleitoral destes recursos.


IDH



Talvez motivado pela limitação do uso de seus recursos econômicos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Rio Grande passou do 3º lugar entre os estados brasileiros em 2005, para o 5º em 2009, com 0.832 pontos, apresentando um preocupante descenso neste ranking interno e colocando-se atrás de estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal.

Ainda assim, o Rio Grande encontra-se à frente da média do Brasil (incluíndo-se também o Rio Grande do Sul) com 0,699 pontos, além de apresentar um indicador superior à países considerados desenvolvidos como Eslovenia (0,828), Andorra (0,824), Hungría (0,805), Portugal (0,795), Rússia (0,719), Chile (0,783), Argentina (0,775), Uruguay (0,765), entre outros, conforme o Wikipedia e com dados de 2010.

A viabilidade do ideal Rio-Grandense como nação se demonstra factível. Entretanto, o potencial de crescimento do Rio Grande se limitado pelas decisões do governo brasileiro, contrários aos interesses do povo gaúcho e de critérios duvidosos. A cada ano deixamos escapar a possibilidade de alcançar um maior desenvolvimento e melhor qualidade de vida utilizando os nossos próprios recursos.

Volta a velha máxima:
"um povo de cordeiros sempre terá um governo de lobos".

8 comentários:

  1. No fim do mês de agosto a imprensa aqui do Rio Grande do Sul revivia os 50 anos da Campanha da Legalidade. Este episódio da história visto por alguns como o único movimento popular entre os povos que habitam o Brasil que obteve sucesso, atrasou por 3 anos o infame Golpe Militar (quartelada segundo Brizola) de 1964. A imprensa gaúcha, de acordo com a forma predominante de pensar, utilizou o movimento aqui no Rio Grande do Sul como uma maneira de instigar o patriotismo gaúcho para com os povos que habitam o Brasil. Leonel Brizola era um patriota brasileiro. Ele acreditava no Brasil.(segue)

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  2. Porém, ironicamente, é percebível que o movimento Campanha da Legalidade só foi comemorado no Rio Grande do Sul. Nada sobre o movimento foi dito na imprensa “nacional”. Os 50 anos da renúncia do então presidente Jânio Quadros foram lembrados, mas a difícil posse de João Goulart e o movimento liderado por Brizola foi praticamente ignorado. Em contrapartida, é bem possível que em São Paulo, por exemplo, seja comemorada a “Marcha pela Família com Deus pela Liberdade”, movimento que teve origem entre as classes médias paulistas que tinha como objetivo a derrubada do já então presidente João Goulart. A “Marcha pela Família com Deus pela Liberdade” não foi um movimento isolado, pois convém lembrar que mesmo no Rio Grande do Sul o então governador Ildo Meneghetti se referiu até mesmo aos Farrapos quando em discurso a favor dos conspiradores. No entanto, as lideranças conspiratórias, reunidas em parte pelo discurso intempestivo de Brizola no nordeste (a “brizolada”), tinham como mentores autoridades mineiras, paulistas e o governador golpista da Guanabara, Carlos Lacerda. Ironicamente a “Marcha pela Família com Deus pela Liberdade” relembrava a Revolução Constitucionalista de 1932 (movimento reacionário, porém disfarçado pelo simbolismo “constituição”) quando em suas faixas eram visíveis os dizeres 32+32=64.(segue)

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  3. Ora, na minha opinião, o governo João Goulart não era essa ameaça toda que os conspiradores desejavam que as massas ignorantes acreditassem. Por um lado recebeu a herança de Juscelino e Jânio, quando o país cresceu, mas não houve desenvolvimento. A tentativa de sanar as finanças com o chamado Plano Trienal não saiu do papel devido, sobretudo, as inúmeras diferenças existentes entre as, também inúmeras, representações com as quais o governo tinha que lidar. Algo semelhante como o que acontece hoje no planalto central e que vale cargos nas “pastas” ministeriais. Coube então a João Goulart atrair as camadas pobres da população referindo-se, principalmente, à reforma agrária. Ora, em tempos de Guerra Fria, em um país fragmentado onde diferentes facções almejam o poder, o temor pela reforma agrária é um pretexto aceitável para um golpe. E ele foi executado, para evitar a “comunização” do Brasil, em nome da liberdade e da democracia.(segue)

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  4. O governo Lula, popular entre os povos que habitam o Brasil, diferente do governo Jango, não tinha apenas a intenção de realizar a reforma agrária. Tanto é que a fez assim como seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, havia começado, embora de uma maneira pouco organizada como boa parte das coisas planejadas por aqui. Também assumiu, de maneira desastrosa muitas vezes, a tal “agenda independente” em relação aos outros países, tal como Jango desejava naquela época. Fica a questão, na hipótese de que Lula ou Fernando Henrique Cardoso tivessem assumido em 1961, se seriam derrubados.

    No entanto, voltando ao tema “Legalidade” e seguindo a linha de raciocínio que projeta o “Brasil” como algo heterogêneo, porém coeso e sólido, não seria conveniente que a comemoração da data fosse realizada em todo o país? Ora, a mesma linha de raciocínio a qual me referi também preza pela liberdade e democracia, os mesmos ideais defendidos por Brizola e sua Legalidade (e por seus adversários 3 anos depois) nos porões do Palácio Piratini.(segue)

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  5. Acontece que, na minha maneira de ver, a coesão está longe de acontecer entre os povos que habitam o Brasil. As inúmeras e distintas facções que almejam algo competem, os estados competem e um objetivo comum torna-se improvável. E quando não existe trabalho coletivo visando objetivos comuns a principal motivação, ou seja, a nação, é substituída pela locupletação. Já notaram a quantidade de partidos políticos que existem nesse país? Todos com o mesmo discurso. Não é à toa que alguns especialistas e estudiosos se refiram a tal “ferramenta de ascensão social” quando o assunto é política entre os povos que habitam o Brasil.

    Ocorre que os meios de comunicação conseguem transmitir o mínimo de harmonia entre os diferentes povos que habitam o Brasil e, na minha opinião, é essa “intervenção” que impede o caos ou alguma “transformação”. Eles cuidam dessa “função” muito bem. A mídia consegue fazer o povo se indignar e se orgulhar, porém a cabresto, de uma forma que o estado atual das coisas não seja alterado. Fica a impressão de que tudo que pode causar algum tipo de polêmica, além do tolerável, não seja bem-vindo. De certa forma, lembra a Igreja Católica na Idade Média. Vou citar um exemplo que acompanhei meses atrás. Não tem nada a ver com política ou mesmo com os povos que habitam o Brasil, mas não deixa de ser um exemplo. Naquela oportunidade houve uma reportagem sobre um cidadão italiano, astrônomo creio eu, que previa um terremoto para aquele dia em algum lugar na Terra tendo como justificativa o alinhamento de alguns planetas. A própria reportagem, no horário pouco depois do almoço, foi enfática em dizer que a previsão e os documentos do cidadão não apontavam qualquer localidade, embora o povo italiano acreditasse que seria em Roma. Bem, de fato o terremoto aconteceu, em Madri. À noite, o cidadão que apresenta o jornal disse que o tal italiano tinha previsto o terremoto para Roma... Perceba que é preferível mentir a aceitar o inconvenientemente justificável. E não estávamos falando de política.(segue)

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  6. Semana retrasada, em Santa Maria, estudantes do “ensino médio” saíram às ruas pedindo o fim do ENEM (exame nacional de ensino médio) devido a mais um escândalo (todo ano tem um) que acontece durante a realização do teste. Além de comprovar a total ineficácia de mais uma medida centralizadora da “união”, novamente ficou evidente as rédeas curtas por parte da mídia predominante na medida em que uma reportagem sobre o protesto foi apenas veiculada a nível local, ou seja, apenas a região de Santa Maria assistiu à manifestação dos alunos. Enquanto isso a nível “nacional” assistimos estudantes protestando porque um colega foi preso fumando maconha. E a nível estadual, qual o melhor papel de parede que devemos escolher para o quarto do bebê...

    Soma-se a essa tirania da opinião e do sentimento predominantes as leis de “encher lingüiça” comumente praticadas e que mantêm o povo ocupado por um determinado tempo. Os exemplos são inúmeros e só não enxerga quem não quer. Geralmente os executores beneficiados exploram as diferenças para se promoverem, ainda que às custas dos demais “executados” e da ética, ou se utilizam da opinião predominante, estrategicamente pré-colocada, com o objetivo de aparecer e principalmente permanecer. Por outro lado, não podemos esquecer o “aparelhamento” da máquina pública, prática comum atualmente e que, na minha maneira de ver, reflete a perpetuação desejada e a locupletação sobrepondo-se à nação. O Rio Grande do Sul vive esse tipo de situação nos dias de hoje, pois mesmo que o governo anterior tenha sido acusado de corrupção (o que não foi comprovado), não se pode negar que a equipe econômica de Yeda Crusius fez um bom trabalho. Tanto é que o esforço foi reconhecido internacionalmente. Eu arrisco dizer que Yeda Crusius foi o governador mais “gaúcho” que eu já vi liderando o Rio Grande do Sul, mesmo ela sendo paulista. Veja bem que eu estou mencionando a mulher Yeda e não o partido dela, pois no que corresponde a partidos sou pela opinião daqueles que consideram todos “farinha do mesmo saco”.(segue)

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  7. No entanto, as denúncias de corrupção, a falta de opções e o discurso fácil e atraente da “oposição” seduziram o povo que a colocou (a oposição) no poder. E o que se viu foi o trabalho do governo anterior se perder. “E se o governo tem dinheiro para ‘distribuir’ entre seus correligionários, por que não teria para mim?”, pensa um brigadiano. “E porque não teria para mim?”, pensa um delegado da polícia civil, mesmo que os professores não recebam 1/7 do que ele recebe atualmente e mesmo que a sua delegacia e armamento estejam sucateados.

    Porém, alguém diria: “Mas o Brasil está prosperando!”. Sim, O Brasil está enriquecendo, mas ainda existem 20 milhões de miseráveis. E de onde virão os recursos quando não estivermos falando de 20 milhões de miseráveis, mas de 20 milhões de aposentados, visto que atualmente, mesmo em boa fase, faltam recursos para saúde, educação e segurança e o governo estuda a criação de novos impostos? Vale lembrar que a Itália de hoje demite seus prefeitos e a Grécia que ontem sediou Olimpíadas, hoje está à falência. Mas o Brasil parece não aprender e, em meio a mais uma denúncia de corrupção sobre um de seus ministros, agora na pasta dos esportes, os governantes o substituíram pelo “comunista” Aldo Rebelo, aquele mesmo que alguns anos atrás, junto com Renan Calheiros, promoveu mais um aumento de salários para a câmara dos deputados federais. Porém, o povo já deve ter esquecido este episódio e o “jeitinho brasileiro” mais uma vez prevaleceu.(segue)

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  8. E quando o assunto é a história do Rio Grande do Sul por diversas maneiras é possível ouvir um sem número de teorias equivocadas. A primeira besteira que se ouve é que o movimento farrapo não passava de uma revolta de ricos fazendeiros insatisfeitos com o preço do charque, como se fosse um defeito ser rico. Ora, George Washington assim como Thomas Jefferson também eram ricos e os americanos começaram uma revolta devido ao preço do chá! E se o preço do chá foi a gota d’água para eles, por que o charque não poderia ser para nós? Vale lembrar que para eles, mesmo nos dois primeiros “Congressos Continentais” antes da proclamação de independência (1774-1775), os separatistas eram minoria. Afinal tratava-se do Reino Unido, o país mais poderoso daquele tempo. Não é de se admirar que a maioria do povo americano hesitasse em trocar a sua então situação de súditos do reino mais poderoso do mundo por uma revolução com fim improvável. Mas eles arriscaram, assim como os gaúchos arriscaram. O problema é que os rio-grandenses não tinham um oceano entre o Rio Grande do Sul e o Brasil, não tinham o apoio de uma Argentina se fizermos uma comparação com a independência uruguaia e nenhuma potência européia interveio a favor da República Rio Grandense se voltarmos à comparação com os americanos. A República estava sozinha, com população escassa e economia solapada pelos conflitos. E mesmo assim aqueles que lutaram naquela época mantiveram o sonho por 10 anos. Sonho que seduziu pessoas de diversas origens e criou um hino. Hino de um país! Deveria estar morto hoje. De qualquer forma seria melhor comemorar o 20 ou 11 de setembro, como queiram, do que o 7, este último realizado pelo filho do rei estrangeiro, em seu entusiasmo jovial, e que não hesitou em voltar para o seu reino para lutar pelo trono.

    E quanto aos patriotas brasileiros gaúchos? João Goulart fugiu, Leonel Brizola teve que fugir, mas morreu no ostracismo, Plácido de Castro foi morto e seus assassinos nunca foram punidos (novidade?), o suicídio foi o único fim aceitável que Getúlio Vargas julgou para si, assim eu penso.

    Quisera todo país ter a figura de um gaúcho.

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